26/11/09

BADALADAS PARA A GRIPE A



TERESA FORCADES, doutora em saúde pública, teóloga, freira beneditina, faz uma reflexão sobre a história da GRIPE A, revelando dados científicos, e enumerando as irregularidades relacionadas com o tema. Explica as consequências da declaração de PANDEMIA, as  implicações  políticas que dela derivam e faz uma sugestão para manter a calma, bem como um chamamento urgente para activar os  mecanismos legais  e de participação dos cidadãos em relação a este tema.É mais uma pessoa que tem a sua opinião acerca deste tema.




25/11/09

ASSISTENTES OPERACIONAIS: É HORA DE MUDAR


   Recebi pelo correio o BIT nº10 da ATSGS ( Associação dos Trabalhadores dos Serviços Gerais de Saúde ), que periodicamente envia aos seus associados. É um boletim informativo que a ATSGS publica e contém sempre informações importantes sobre o trabalho dos trabalhadores que a associação representa.
   Neste número de Novembro realço os pensamentos de dois profissionais acerca da situação actual dos trabalhadores dos extintos Serviços Gerais.
   Dada a importância e a actualidade do tema, vou transcrever algumas partes das palavras escritas por estes colegas.
   Começo pelo texto assinado pelo "Oiratilos":
                                                                    O SOLITÁRIO
   "Decorreram de Norte a Sul do País no ano de 2009, Jornadas e Congressos para trabalhadores dos Serviços Gerais de Saúde.
    Como solitário, embora acompanhado da minha velha máquina fotográfica, fiz questão de estar presente em todos, fazendo a minha reportagem e análise, deixando um pequeno resumo para reflexão dos Assistentes Operacionais, concluindo que houve dois a três de boa qualidade.
    - Fiquei muito triste, desmotivado e desanimado, nuns mais que outros,
    - pelas críticas destrutivas,
    - leviandade na escolha de trabalhos repetitivos,
    - condução dos mesmos,
    - falta de respeito entre colegas do mesmo Sector Profissional.
    - certificados entregues mesmo antes do início dos trabalhos,
    - palmas e palminhas por trabalhos, frases, sorteios e outros que não gostei de presenciar.
   Deixo a minha sugestão:
   - Reduzir os congressos e jornadas, trazer a estes eventos maior transparência, rigor, disciplina e     qualidade, quer nos trabalhos, quer na condução dos mesmos.
   - Sejam mais rigorosos na entrega dos certificados e não façam desta actividade uma mera cosmética, com fins puramente lucrativos."
                                                                                         "OIRATILOS"
                                                                              in BIT, SGS,nº10 de 2009.11.07



É HORA DE MUDAR
   Como sabemos, através do D.L. 121/2008, de 11 de Julho foram extintas as carreiras dos Serviços Gerais de Saúde cujos profissionais transitaram para a então criada carreira de Assistente Operacional do Regime Geral da Administração Pública, com entrada em vigor em 1 de Janeiro deste ano.
   Aparentemente seria apenas uma mudança de nome e temos ouvido repetidamente que Assistente Operacional ou Auxiliar de Acção Médica é tudo a mesma coisa. Nada mais errado!
   Em primeiro lugar, atente-se no conteúdo funcional de Assistente Operacional:
   "Funções de natureza executiva, de carácter manual ou mecânico, enquadradas em directivas gerais bem definidas e com graus de complexidade variáveis.

   Execução de tarefas de apoio elementares, indispensáveis ao funcionamento dos orgãos e serviços, podendo comportar esforço físico.
 
   Responsabilidade pelos equipamentos sob a sua guarda e pela sua correcta utilização, procedendo, quando necessário, à manutenção e reparação dos mesmos."
 
   Em segundo lugar, note-se que foi revogada toda a legislação referente às carreiras dos Serviços Gerais de Saúde, logo todos os conteúdos funcionais descritos nos anexos ao D.L. 231/92.

   Em terceiro lugar, muitas outras carreiras que nada tem a ver com os Serviços Gerais e principalmente com a de Auxiliar de Acção Médica, foram também integradas na de Assistente Operacional como, por exemplo, Motorista, Telefonista e todas as carreiras operárias ( canalizador, electricista, carpinteiro, serralheiro, etc.) e até carreiras específicas de outros ministérios como a de Auxiliar de Acção Educativa.

   Torna-se pois muito claro o que se pretende com estas alterações que implicam uma regressão sócio profissional sem paralelo na História recente:
   1- A desqualificação dos profissionais para justificar a manutenção de baixos salários.
   2- A polivalência de funções facilitando a aplicação de mecanismos de mobilidade, num pano de fundo de esvaziamento das funções sociais do Estado e sua entrega aos privados(desde que dê lucro).


   No entanto, a verdade é que independentemente do que aconteça às carreiras, a profissão e os profissionais nunca poderão desaparecer.
   Há muito que se fala na necessidade de regulamentação das profissões que integram a carreira de Assistente Operacional. Muito embora reconhecendo essa necessidade, a solução para nós não é essa mas sim a criação de uma carreira com dignidade de regime especial, que responda às carências dos Serviços e dos utentes e às justas expectativas dos profissionais, que se poderá chamar Auxiliar de Acção Médica ou não, desde que se enquadre no nível de qualificação que merece e precisa e que  vai muito para além das supracitadas funções de Assistente Operacional.
   Tem sido primeira linha de preocupação e intervenção da ATSGS a clarificação do papel dos Serviços Gerais e sua justa reposição no tecido laboral dos serviços de Saúde. Para além de reuniões já efectuadas com representantes da Sra.Ministra da Saúde e responsáveis da ACSS, a Direcção da ATSGS continua a exercer todas as pressões possíveis para resolver de vez esta questão prioritária que é a da carreira.
   Lembramos, no entanto, que é fundamental a participação dos trabalhadores neste processo, quer apoiando a Associação, quer mantendo a postura de dignidade e profissionalismo nos serviços e, sobretudo, evidenciando com actos a sua disponibilidade para a luta sempre que necessário. E que não se duvide: vai sê-lo!
   Assistente Operacional sem qualificação, mão-de-obra barata e polivalente é que não!"
                                                                                            Nelson Raleiras
                                                                             in BIT, SGS,nº10 de 2009.11.07 


Como vêem, os dois textos são esclarecedores e ajudam a entender a situação actual dos trabalhadores dos ex-Serviços Gerais de Saúde. Há uns meses atrás uma pessoa bem enfarinhada nas questões das carreiras profissionais alertou os trabalhadores para a necessidade de disponibilizarem-se para lutarem pela dignidade da carreira e sua regulamentação de uma vez por todas. Os Auxiliares de Acção Médica merecem o mesmo respeito e consideração que recebem os médicos e os enfermeiros. Afinal, fazem todos parte das equipas multidisciplinares que cuidam dos utentes nos estabelecimentos de saúde deste país.
 
      

24/11/09

VACINA DA GRIPE A: AUXILIARES DEVEM OU NÃO VACINAR-SE ?


   Diariamente se continua a falar da Gripe A e os meios de comunicação social inundam os nossos cérebros com notícias, por vezes, mais alarmantes do que verdadeiras. Está a processar-se a vacinação de muitas pessoas. O pessoal que trabalha a área da saúde tem sido chamado para ser vacinado. Os hospitais já estão a vacinar e conheço colegas auxiliares que já foram "picados" contra a gripe A.
   É ou não aconselhável que os Auxiliares de Acção Médica se vacinem?
   Há ou não perigo de que os profissionais de saúde não vacinados, poderem contaminar os doentes?
   Pelo que vou lendo nos jornais a ideia com que fico é a de que cada profissional deve tomar a atitude que a sua consciência lhe soprar. Há médicos e enfermeiros que não se vão vacinar e alguns escrevem as suas razões:
« Se não me vacino habitualmente para a outra ( a sazonal ) porque é que me vou vacinar para esta, que sei que não é mais grave? Acho que houve um alarmismo exagerado e um certo aproveitamento político. E se sobrassem metade das vacinas quem se vai responsabilizar por ter mandado para o lixo 22,5 milhões de doses no valor de 45milhões de euros?»
   Declarações ao Jornal Público de 24 de Novembro, feitas pelo Dr.Miguel Oliveira e Silva, presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida
  
   E o director do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência, Dr.António Vaz Carneiro, em entrevista também ao jornal Público de hoje diz isto:
   « o investimento na vacinação em grande escala não se justifica. A decisão da compra de milhões de doses foram meramente políticas. A posição da OMS é errada. Defendo apenas a vacinação de grupos de risco muito selectivos. Fundamentalmente porque acho que esta doença não tem gravidade suficiente que justifique a vacinação maciça. Entendo que, neste momento o impacto global da doença na população portuguesa, comparando com outras, não é tão importante como isso, então a despesa envolvida não se justifica. É só nesta altura que uso o argumento do dinheiro. Há quem calcule que o gasto ( todos os custos com a doença ) já ascende a 67 milhões de euros. Não é razoável. Então os portugueses continuam a morrer tranquilamente de doenças cardiovasculares e estamos todos preocupados com a gripe?»
   E o jornalista pergunta ao Dr.António Vaz Carneiro: Como é que compreende que a maior parte dos profissionais de saúde continue a não querer-se imunizar?
   Resposta do Dr.António Vaz Carneiro: O argumento de que os profissionais de saúde podem contagiar os doentes é muito falacioso. A percentagem de risco acrescido pode ser evitado, não com vacinação, mas sim com cuidados extra de higiene, com a lavagem das mãos, o uso de máscaras. Com as precauções devidas, a probabilidade extra de contágio é negligenciável.O que me preocupa são as infecções nosocomiais ( hospitalares )  provocadas por outros microorganismos. Mais, o pool de vírus não está no hospital, o pool de vírus está cá fora, na comunidade.»

   São duas opiniões de gente que tem competência para as dar. Eu, sou um humilde auxiliar interessado em ajudar outros colegas a sermos mais competentes e mais esclarecidos na área da saúde.

  

19/11/09

ORIENTAÇÕES GERAIS PARA AUXILIARES ACÇÃO MÉDICA

  



O Curso de Formação para Auxiliar de Acção Médica, foi criado pelo Despacho Ministerial nº7/89 de 9 de Fevereiro de 1989, passando o mesmo a ser exigido para ingressar nesta carreira profissional.
   Este Despacho quantas vezes foi esquecido?
   Tenho em meu poder uma cópia da Circular normativa datada de 24/8/1989 que foi enviada a todos os estabelecimentos e serviços dependentes do Ministério da Saúde. Neste documento estão descritas as Orientações Gerais para a utilização dos Auxiliares de Acção Médica, e define as Tarefas que estes profissionais devem executar.
   Um dos objectivos deste documento orientador era "dar a conhecer aos profissionais que trabalham nos serviços onde são colocados auxiliares de acção médica, as tarefas que estes podem, ou não, executar".
   Outro dos objectivos era "dar a conhecer aos auxiliares de acção médica, as Tarefas que eles podem, ou não, executar".
   Ao mesmo tempo, quem enviou esta circular recomendou que fosse divulgada pelos serviços, por forma a que todos tomem conhecimento, ou seja, o pessoal dos serviços onde trabalham auxiliares de acção médica e os próprios auxiliares.
   E lendo a dita circular no ponto 1.3 podemos ler:
"1.3. Nas unidades de internamento, os auxiliares de acção médica que dão apoio nos cuidados directos e indirectos de enfermagem, não devem ter, simultaneamente, a responsabilidade pela limpeza das instalações.
   Nos locais onde ainda não existam contratos com empresas para efectuar limpezas, poderá ser feita uma rotação para o desempenho daqueles dois tipos de actividades. Cada hospital deverá emanar orientações relativamente aos circuitos de limpos e sujos que deverão ser cumpridos rigorosamente, pelo pessoal de acção médica".
1.4. Nas unidades de internamento,  considera-se desejável que haja um auxiliar de acção médica para cada 3 enfermeiros, para o apoio nos cuidados directos e indirectos de enfermagem, embora esta dotação deva ser considerada globalmente para as 24 horas e não, forçosamente, em cada turno".

   Caros colegas, agora chamam-nos Assistentes Operacionais...mas no meu dia a dia continuam a chamar por auxiliar, por senhor empregado, às vezes por enfermeiro.
   Ao ler este documento dei comigo a reflectir no que lá se diz. No hospital onde eu trabalho a limpeza neste momento está entregue a uma empresa de limpeza, por enquanto. Mas, já andei muitas vezes de esfregona nas mãos a limpar enfermarias e W.C's e algumas vezes, para não dizer várias, tive que encostar o carro e a esfregona e ir executar uma tarefa a pedido do senhor enfermeiro, porque o doente necessitava disto ou daquilo...que muitas vezes nós sabemos que é da competência da enfermagem e não nossa. Bom, mas a fase da esfregona parece ter acabado. Mas é provável que ainda haja hospitais onde os colegas ainda tenham que andar de esfregona e pano todas as manhãs.
   Digam lá, que pensam vocês desta maneira de trabalhar?

15/11/09

OSSOS DO OFÍCIO E NÃO SÓ


   A comunicação social estes dias noticiou que alguns funcionários que trabalham na urgência do Hospital São Bernardo, em Setúbal, foram afectados pelo bicharoco da sarna ( escabióse ). A contaminação teve origem num utente que deu entrada naquele serviço. De acordo com os responsáveis da unidade de saúde, nesse mesmo dia as instalações foram desinfectadas e entrou em acção a Saúde Ocupacional e a Comissão de Controlo de Infecção, estando agora a acompanhar o caso.
  Infelizmente já não é a primeira vez que este hospital vive esta situação. E mais preocupante é que também há neste momento outros estabelecimentos de saúde a lutar contra o mesmo ácaro e também devido a pessoas internadas com esse problema.
   Os Auxiliares de Acção Médica são quase sempre os primeiros profissionais de saúde que contactam com quem chega à porta das urgências hospitalares, pois são eles que ajudam o utente até este ser chamado para a triagem. Continuam a acompanhar o utente durante a sua permanência na urgência, nos possíveis exames e são os auxiliares que transportam o utente até à enfermaria, caso este necessite de internamento para tratar-se. São tantos os momentos em que os auxiliares contactam com os utentes que muitas vezes, devido à falta de pessoal, ao excesso de entradas e também à falta de informação, estes profissionais acabam em vítimas e passam a ser portadores das doenças dos utentes.
  O mesmo se passa com os auxiliares que exercem as suas funções nos serviços de internamento. Muitas vezes não somos convenientemente informados acerca do caso clínico do doente que acabou de entrar no serviço. E há procedimentos que devem ser tidos em conta, como por exemplo, a colocação do "cartão vermelho", um procedimento muitas vezes esquecido ou achado desnecessário pelos enfermeiros, mas que mais não seja, serve de alerta para todos os profissionais de saúde daquele serviço e de todos os que ali tiverem que ir.
   Há depois outros procedimentos que devem ser praticados por todos os profissionais. Por todos e não apenas pelos auxiliares, abrangendo também as visitas de médicos, familiares e amigos.
   A sarna é uma doença que é totalmente tratável e deixa de ser infectante a partir do momento em que se inicia o tratamento e não constitui qualquer risco para a saúde pública. O ácaro Sarcoptes é o responsável pelo comichão na pele e é à noite que mais sentimos necessidade de coçar.
 

    A sarna é uma doença contagiosa transmitida pelo contacto directo interpessoal ou através de roupas contaminadas. O parasita escava túneis sob a pele onde a fêmea deposita os seus ovos que eclodirão entre 7 a 10 dias dando origem a novos parasitas.
   Daí o alojamento do doente dever ser preferencialmente feito num quarto individual, avisar todos os profissionais da equipa multidisciplinar que trabalha com o doente, contactar até a Comissão de Controlo da Infecção e pedir ajuda. O doente só deve sair do quarto, ou do isolamento,  quando for absolutamente indispensável minimizando assim todos os riscos de transmissão dos microrganismos para o corpo dos outros doentes e dos profissionais, normalmente, os auxiliares de acção médica, que em tantas ocasiões, por determinação dos enfermeiros indo mesmo contra a vontade do doente, temos que dar banho de chuveiro.

13/11/09

AUXILIARES DE ACÇÃO MÉDICA: NÃO SOMOS SACO PARA TUDO

Auxiliares de Acção Médica ou Assistentes Operacionais?
Será só uma designação diferente ou as diferenças são mais profundas?
Iniciei as minhas funções laborais numa unidade hospitalar no norte do país como Auxiliar de Acção Médica. É uma EPE e logo, faz parte do Serviço Nacional de Saúde. Agora, por obra e graça dos políticos deste país, fomos baptizados com outro nome e nem sequer tivemos direito a ser escutados. Eles, os políticos, é que sabem e decidiram que a partir de agora seríamos chamados de Assistentes Operacionais.
Será que foram acautelados todos os nossos direitos e foi tida em conta a nossa dignidade? Encontrei hoje um grupo de profissionais de saúde que quero dar a conhecer: Movimento de  Acção na Saúde
( http://accaonasaude.blogspot.com/ ) que também possui alguns textos interessantes para nos fazer pensar:





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ASSISTENTES OPERACIONAIS