25/11/06

MUITO TRABALHO E POUCA FORMAÇÃO

Um em cada cinco trabalhadores vive com emprego temporário.
Os mais recentes dados do Eurostat mostram que, em matéria laboral, Portugal continua atrás da maioria dos parceiros comunitários.
A instabilidade no emprego é um dos indicadores em que o nosso país se destaca pela negativa.
Um em cada cinco trabalhadores portugueses assinou um contrato a prazo ou temporário com a entidade empregadora, incluindo o próprio Estado. A par da precaridade também na carga de trabalho, os portugueses passam mais tempo nos locais de trabalho do que a maior parte dos europeus, mas apesar disso, a sua produtividade é um terço inferior à média da Europa.
Uma das razões pelas quais a produtividade nacional é tão baixa é a qualificação dos trabalhadores. Em Junho do ano passado, só 4,6% dos portugueses declararam ter participado em Acções de Formação profissional ou educativa - a percentagem mais baixa de toda a União a quinze. Na UE a 25, só a Hungria dá menos formação aos seus trabalhadores.

Os Auxiliares de Acção Médica
também sentem necessidade de participarem em Acções de Formação. Muitos, como eu, por circunstâncias da vida, fomos parar a um estabelecimento de saúde e passámos de repente a exercer a função de Auxiliares de Acção Médica. E Formação?
E conhecimentos do ambiente hospitalar? Como é a nossa integração num serviço de cuidados de saúde composto por uma vasta equipa de pessoas e nós somos aqueles que menos preparação possuímos?
O tempo e a experiência no serviço vai abrindo o livro da formação pessoal, das emoções, das sensações, dos odores...todos os nossos sentidos e cérebro recebem diariamente informação nova e ao mesmo tempo importante para um bom desempenho da nossa função.
Há que dizer que alguma formação já fiz e que me foi proporcionada pelo hospital onde trabalho. Mas há muito para aprender e muitos como eu desejam participar em mais Acções de Formação. Tudo para o bem do utente que acorre aos estabelecimentos de saúde em busca da cura, do bem estar e de poder viver com mais qualidade de vida.

24/11/06

AS EMOÇÕES DOS AUXILIARES DE ACÇÃO MÉDICA

Os A.A.M. têm de lidar com diversidade de doentes, de doenças e de emoções.
Como lidar com esta variedade?É um trabalho em que o contacto humano é essencial e requer psicologia, sensibilidade, desprendimento tanto relacionado com a pessoa que está a melhorar e a recuperar como com aquele que está a piorar e a morrer.
Ser A.A.M. é sentir-se dentro de uma equipa de saúde onde muitas vezes somos poucos para tanto trabalho.
Ser A.A.M. é transgredir às vezes as regras para atender a algum desejo legítimo de um doente moribundo.
Ser A.A.M. é criar estratégias para se defender do sofrimento: tentar esquecer o que acontece quando sai do trabalho, fazer de conta que não é com ele, que não faz parte da sua alçada.
A emoção está sempre presente no trabalho dos auxiliares. Não é possível ficar imune ao contacto com o sofrimento do outro, com o corpo do outro, com os apelos e pedidos de ajuda.
Entretanto, a questão afectiva que permeia o trabalho dos Auxiliares é cheia de ambiguidades, pois a entrega necessária para o outro faz-se em detrimento da nossa própria saúde. Os equipamentos disponíveis, o ritmo dos horários de trabalho e o próprio estado dos doentes são factores de constrangimento de tal ordem que a doença profissional torna-se presente.